ACCAMTAS

História Ambiental de Maricá

ECOSSISTEMAS EM AGONIA

HISTÓRIA AMBIENTAL DE MARICÁ – 1996

Luís Fernando Ramadon


MARICÁ MERECE RESPEITOMaricá é uma cidade que tem uma história ambiental muito rica interessante. Tem uma natureza exuberante formada de praias e lagoas. Pode ter problemas como muitas cidades tem, mas não merece ser achincalhada.
Este estudo foi realizado em função da disciplina de História Ambiental do Curso de Teoria e Práxis do Meio Ambiente, do Instituto Superior dos Estudos da Religião - ISER, juntamente com o Ministério do Meio Ambiente, realizado durante o ano de 1996, e tendo como professores responsáveis pela disciplina os doutores José Augusto Pádua e José Augusto Drummond.
            Vinte anos se passaram e agora, em 2016, os problemas parecem que continuam os mesmos. Este estudo foi apresentado para o Prefeito Luciano Rangel (1939-2013), em 1997, para ser divulgado nas escolas como parte de uma educação ambiental e para que todos conhecessem a história ambiental de Maricá, o que realmente foi feito.
Ele foi dividido em três partes de forma a facilitar a compreensão da importância de Maricá dentro do cenário ambiental, e dos riscos que o município corre se o Poder Público não tomar providências urgentes para conter a especulação imobiliária, o roubo de areia e outras agressões ao meio ambiente.
A primeira parte se refere aos “Dados Topográficos”, que trata, inclusive, da evolução geomorfológica da região de Maricá, além de informações sobre as serras, as lagoas, a hidrografia, o solo, o clima, a flora e a fauna. Os dados geológicos foram atualizados com informações constantes da interpretação de imagens do satélite Landsat-5, de 1994, além da digitalização das bases cartográficas de 1974 e 1976, realizados pela Fundação CIDES, além de algumas teses de mestrado e doutorado. Este capítulo dará ao leitor a ideia do espaço físico e das características geológicas da região.
O segundo capítulo “A História da Ocupação Humana”, trata da “história ambiental” abordando os aspectos arqueológicos e a chegada do homem branco, além de dados censitários de população e de qualidade de vida. É também tratado nesta parte, os recursos econômicos e de infraestrutura básica.
Antes da conclusão, o terceiro capítulo faz um “perfil ecológico de Maricá” relatando os principais problemas e os responsáveis pelo roubo de areia, por dragagens criminosas, por loteamentos a qualquer custo, pela redução criminosa das lagoas e pelo sofrimento dos pescadores.
Além disso, nesta parte, é contada a história do Parque Estadual da Serra da Tiririca e da Área de Proteção Ambiental de Maricá, são relacionados todos os projetos de devastação ambiental que não foram executados como a “Cidade Feteira”, que tornaria Maricá em uma “Nova Cidade de Deus”, na realidade um favelão, ao invés de uma “Nova Barra da Tijuca”, como pretendia o autor do projeto, o arquiteto Lúcio Costa; e também o Plano Indutor de Turismo da Região dos Lagos, de autoria de um grupo de espanhóis em conluio com o governo estadual.
Neste capítulo, outros três assuntos de relevante interesse são abordados. Primeiramente é apresentada a história da Ação Popular, impetrada pela SAPLAM, baseada na sentença ambiental da 4a Vara da Justiça Federal, que condenou a Prefeitura de Maricá, a FEEMA, a SERLA, o IBAMA, entre outros órgãos governamentais de meio ambiente, além dos especuladores imobiliários, responsáveis pela destruição das lagoas. Em seguida, é apresentado o histórico sobre o movimento ambientalista com suas principais ONG’s, além do primeiro conservacionista do município, que na década de 40 criou o Conselho Florestal de Maricá e foi o idealizador de um “Parque Municipal” para a proteção das florestas. Em último lugar é apresentado as “iniciativas do poder público”, que contém uma análise do capítulo do Meio Ambiente da Lei Orgânica, o Conselho Municipal de Meio Ambiente, a implantação da Agenda 21 e as propostas do Poder Executivo que se referem ao meio ambiente.
Movimento Ecológico em Itaipuçu - 1996. (De chapéu Regina Couto Rabêllo Presidente MEI)

As referências bibliográficas podem ser consideradas um capítulo à parte, pois se no início achava-se que pouca coisa tinha sido escrita sobre Maricá, verificou-se que o município é fonte para muitos pesquisadores de diversas universidades. A FEEMA (atual INEA), no levantamento sobre a APA de Maricá registrou cerca de 540 trabalhos das mais diferentes origens. Entretanto, sobre a história de Maricá pouca coisa foi escrita, podendo-se relacionar como de mais importante os autores Alberto Alvares de Azevedo Castro que escreveu em 1890 “O Município de Maricá”; Eduardo Rodrigues de Figueiredo que no final da década de 1940 escreveu uma série de textos sobre Maricá; e o Padre Paulo Batista Machado, que em 1977 escreveu “Maricá, Meu Amor”.
Algumas citações sobre o município foram encontradas em obras de Alberto Ribeiro Lamego, Lejeune de Oliveira, Charles Darwin, Príncipe Maximilian, Monsenhor Pizarro de Araújo, Ribeiro de Almeida, Divalmiro Olegário Maia Pereira e Saint-Adophe, entre outros.
Foi também pesquisado para este trabalho, teses e trabalhos não editados, mapas e artigos de jornais e revistas totalizando mais de oitenta fontes de consultas, em bibliotecas, sebos, livrarias, órgãos governamentais e não governamentais e em arquivos pessoais.
A importância deste trabalho, na parte bibliográfica, também se revela no aspecto de que quase todas, se não todas, as fontes históricas sobre Maricá estão aqui contidas, pelo qual conseguiu verificar até as fontes originais de obras que não possuíam citações, sendo meras cópias de trechos ou capítulos. Pode-se observar esta “pirataria”, também em trabalhos mais recentes.

Manifestação contra a extração ilegal de areia em Itaipuaçu - 1996