quarta-feira, 9 de setembro de 2020

ACCAMTAS

RECURSOS HÍDRICOS E MINERAÇÃO: um estudo sobre a extração de areia na bacia hidrográfica do Rio Guandu/RJ

 

                                               

                                                    Luis Fernando Ramadon



Dissertação apresentada e aprovada com conceito "A" em 12/08/2020, para obtenção do título de Mestre em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos, Curso de Mestrado Profissional em Rede Nacional em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos (PROF-ÁGUA), na Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ.

Orientador: Prof. Msc. Décio Tubbs Filho

Coorientador: Prof. Dr. Friedrich Wilhelm Herms


Rio de Janeiro

2020


INTRODUÇÃO

 

A mineração é a atividade econômica que tem como objetivo único a extração de recursos naturais não renováveis, sendo altamente impactante, modificando radicalmente o meio ambiente aonde se estabelece. Ela é fornecedora da matéria-prima para todos os demais setores da economia e os fundamentos para o seu desenvolvimento são o interesse público e a utilidade pública. Entretanto, não existe sociedade sem mineração e por isso o setor procura em obter soluções sustentáveis para o seu desenvolvimento.


De um modo específico, sem o foco das grandes minerações, existe uma atividade muito mais nociva, pelos motivos dos danos e da escassez, ligadas diretamente aos recursos hídricos, que é a extração de areia, um dos mais importantes agregados da construção civil, que em rios e lagoas é uma das atividades da mineração mais impactantes e insustentáveis, normalmente proporcionando a degradação, com a ocorrência de poluição e alterações dos cursos hídricos, aumento do assoreamento, erosão do solo e destruição de áreas de preservação permanente.


Além do mais, existe pouca informação confiável sobre a areia produzida e água consumida, tanto em cavas, quanto em rios e lagoas, o que distorce possível cobrança, uma maior arrecadação e uma gestão eficiente por parte dos comitês de recursos hídricos.


A mineração quando feita de forma legalizada, acarreta por si só uma degradação para o meio ambiente, mesmo se cumpridos todos os Programas de Desenvolvimento Sustentável e de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD). Ao contrário, quando feita de forma ilegal, gera um passivo ambiental imensurável, sem nenhum tipo de compensação, causando destruição e lucro fácil e abundante para os criminosos.


O problema se tornou tão grave que Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUMA) publicou em março de 2014 o estudo “Areia, mais rara do que se pensa - Sand, rarer than one thinks”, apresentando a areia como um problema a ser enfrentado, pois representa o maior volume de material sólido extraído globalmente.

A mineração de areia nos rios levou a danos severos nas bacias hidrográficas, incluindo poluição e mudanças nos níveis de pH, mudança e redução do próprio leito do rio, podendo fazer com que o aquífero aluvial escorra para um nível mais baixo, resultando em perda de armazenamento e podendo aumentar a intensidade das inundações. 


No entanto, a redução da vazão é mais ameaçadora para o abastecimento de água, agravando a ocorrência e a gravidade da seca, à medida que os afluentes dos principais rios secam quando a mineração de areia atinge certos limiares.


Espera-se apresentar como contribuição para o sistema de gestão, um modelo de análise de dados quantitativos, como forma de se estabelecer uma rotina com as informações do setor de extração de areia na gestão dos recursos hídricos, na escala de bacia hidrográfica, com a melhoria no sistema de arrecadação, melhor controle de fiscalização e maior interação, intercâmbio de informações entre os órgãos envolvidos.


No Capítulo 1, serão abordados os aspectos gerais da mineração, os regimes de exploração e aproveitamento de recursos minerais, a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM), os impactos ambientais e os crimes na mineração.


Será calculado o faturamento da extração ilegal de areia no Brasil, explicitando a região sudeste e no mundo. Para os cálculos utilizou-se os dados pesquisados em diversas fontes como a ANM, a Caixa Econômica Federal (CEF), a Associação Nacional das Entidades de Produtores de Agregados para Construção Civil (ANEPAC), SNIC, entre outras.


Os aspectos gerais dos recursos hídricos serão abordados no capítulo 2, como a Política Nacional dos Recursos Hídricos, e as competências de cada ente do SINGREH: Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH); Agência Nacional de Águas (ANA); Conselhos de Recursos Hídricos; Órgãos dos poderes públicos cujas competências se relacionem com a gestão de recursos hídricos; Comitês de Bacia Hidrográfica, incluindo o Comitê Guandu e Agências de Água.


Será feita a abordagem nos instrumentos de gestão como outorga e cobrança e as regiões hidrográficas e especificando no estado do Rio de Janeiro, a sua Região Hidrográfica II e o Comitê Guandu, com todos os instrumentos de gerenciamento; e a utilização de recursos hídricos na área de mineração.


O capítulo 3 será dedicado ao estudo de caso “A EXTRAÇÃO DE AREIA NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO GUANDU/RJ”, o histórico de Seropédica e do Distrito Areeiro de Piranema, o faturamento da extração ilegal de areia no estado do Rio de Janeiro, a Região Hidrográfica II/RJ e o Distrito Areeiro de Piranema, com os devidos cálculos em relação  ao volume de água perdido pela evaporação, o volume de água utilizado e os valores da cobrança pelo uso de recursos hídricos no setor da extração de areia.


OBJETIVO GERAL

Avaliar os processos e os valores de arrecadação financeira, com a cobrança pelo uso de recursos hídricos no setor de extração de areia e com a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais, na Região Hidrográfica II do estado do Rio de Janeiro.


OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a)   Levantar as quantidades de areia produzidas no setor de mineração global, nacional e na área do Comitê Guandu/RJ;

b)   Levantar os valores arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos no setor de extração de areia na área do Comitê Guandu/RJ;

c)   Levantar os valores arrecadados com a cobrança da CFEM no setor de extração de areia na área do Comitê Guandu/RJ;

d)   Calcular a quantidade de areia produzida e de água consumida pelo setor de extração de areia na bacia hidrográfica do Comitê Guandu/RJ.

 

PROCEDIMENTOS ESPECÍFICOS

Para a realização deste estudo foi feita inicialmente a pesquisa e revisão bibliográfica, com o objetivo de identificar as contribuições existentes sobre a arrecadação de recursos hídricos no setor de extração de areia; a pesquisa documental de dados de produção de areia e de cobrança da água; a análise dos dados da indústria de agregados da construção civil, e da arrecadação das compensações financeiras da extração mineral (CFEM).


Os documentos e informações foram obtidos através dos sites da Agência Nacional de Mineração (ANM), Agência Nacional de Águas (ANA), Comitê Guandu, Instituto Estadual do Ambiente (INEA-RJ), Sindicato Nacional da Industria do Cimento (SNIC) e Organização das Nações Unidas (ONU), além de livros, relatório, artigos, estudos, monografias, dissertações e teses obtidos nas instituições científicas e educacionais.


DISSERTAÇÃO COMPLETA



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